Doença periodontal pode impactar a fertilidade
Estudos indicam que problemas como a gengivite e a periodontite (quadros também conhecidos como doença periodontal) podem impactar a fertilidade feminina. Foi o que demonstrou uma pesquisa apresentada no encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana, no final de 2015. O levantamento mostra que as pacientes com problemas gengivais demoram cerca de dois meses a mais para engravidar do que as que têm a gengiva saudável.
Entre a comunidade científica, a hipótese mais aceita para explicar essa relação está na facilidade com que as bactérias presentes nas afecções gengivais penetram na corrente sanguínea. Com isso, há uma maior ativação das células de defesa e a liberação de citocinas – mediadores inflamatórios importantes nas respostas imunes do nosso organismo -, que podem acabar por criar um ambiente pouco propício para a concepção.
Corroboram com essa hipótese outros estudos que identificaram importantes alterações no endométrio (a camada interna do útero, responsável pela implantação do embrião) de mulheres que teriam periodontite crônica. Essas modificações no tecido uterino seriam responsáveis por uma maior dificuldade para engravidar.
Conforme dados da Universidade do Michigan (EUA), 60% das mulheres que sofrem de endometriose (afecção inflamatória do endométrio) têm periodontite.
Naturalmente, é válido ressaltar que a infertilidade pode ser multifatorial e que a presença da doença periodontal NÃO é uma sentença de impossibilidade para engravidar. Contudo, o que a ciência comprova cada vez mais é que há uma estreita relação entre o que acontece em nossa flora bucal e a nossa saúde global (saúde sistêmica).
Cabe-nos, portanto, uma atitude mais consciente em relação à importância da saúde bucal. No caso da gengivite e da periodontite, a principal causa é a falta de controle da placa bacteriana e do cálculo dentário. Por outro lado, uma boa orientação para os hábitos de higienização, bem como as visitas regulares ao dentista para as limpezas e profilaxia em consultório são, comprovadamente, as medidas mais eficazes para prevenir esses quadros.
Quando há presença de sangramento nas gengivas, inchaço, vermelhidão ou sensibilidade, isso já é um sinal de que as alterações precisam ser avaliadas pelo periodontista, o mais rapidamente possível. As intervenções para o controle da doença periodontal variam de acordo com o grau de avanço e de comprometimento gerado pela doença, sendo que, quanto mais cedo o especialista é procurado, maiores são as chances de não haver complicações e perdas de unidades dentárias.
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